quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Questões Interpretação de texto


pergunta:Érico Veríssimo relata, em suas memórias, um episódio da adolescência que teve influência significativa em sua carreira de escritor.

"Lembro-me de que certa noite - eu teria uns quatorze anos, quando muito - encarregaram-me de segurar uma lâmpada elétrica à cabeceira da mesa de operações, enquanto um médico fazia os primeiros curativos num pobre-diabo que soldados da Polícia Municipal haviam "carneado". (...) Apesar do horror e da náusea, continuei firme onde estava, talvez pensando assim: se esse caboclo pode agüentar tudo isso sem gemer, por que não hei de poder ficar segurando esta lâmpada para ajudar o doutor a costurar esses talhos e salvar essa vida? (...)
Desde que, adulto, comecei a escrever romances, tem-me animado até hoje a idéia de que o menos que o escritor pode fazer, numa época de atrocidades e injustiças como a nossa, é acender a sua lâmpada, fazer luz sobre a realidade de seu mundo, evitando que sobre ele caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos assassinos e aos tiranos. Sim, segurar a lâmpada, a despeito da náusea e do horror. Se não tivermos uma lâmpada elétrica, acendamos o nosso toco de vela ou, em último caso, risquemos fósforos repetidamente, como um sinal de que não desertamos nosso posto."
(VERÍSSIMO, Érico. "Solo de Clarineta". Tomo I. Porto Alegre: Editora Globo, 1978.)

Neste texto, por meio da metáfora da lâmpada que ilumina a escuridão, Érico Veríssimo define como uma das funções do escritor e, por extensão, da literatura,
a) criar a fantasia.
b) permitir o sonho.
c) denunciar o real.
d) criar o belo.
e) fugir da náusea.

resposta:[C]


pergunta:"Narizinho correu os olhos pela assistência. Não podia haver nada mais curioso. Besourinhos de fraque e flores na lapela conversavam com baratinhas de mantilha e miosótis nos cabelos. Abelhas douradas, verdes e azuis, falavam mal das vespas de cintura fina - achando que era exagero usarem coletes tão apertados. Sardinhas aos centos criticavam os cuidados excessivos que as borboletas de toucados de gaze tinham com o pó das suas asas. Mamangavas de ferrões amarrados para não morderem. E canários cantando, e beija-flores beijando flores, e camarões camaronando, e caranguejos caranguejando, tudo que é pequenino e não morde, pequeninando e não mordendo."
(LOBATO, Monteiro. "Reinações de Narizinho". São Paulo: Brasiliense, 1947.)

No último período do trecho, há uma série de verbos no gerúndio que contribuem para caracterizar o ambiente fantástico descrito.
Expressões como "camaronando", "caranguejando" e "pequeninando e não mordendo" criam, principalmente, efeitos de
a) esvaziamento de sentido.
b) monotonia do ambiente.
c) estaticidade dos animais.
d) interrupção dos movimentos.
e) dinamicidade do cenário.



resposta:[E]


pergunta:Em 1958, a seleção brasileira foi campeã mundial pela primeira vez. O texto foi extraído da crônica "A alegria de ser brasileiro", do dramaturgo Nelson Rodrigues, publicada naquele ano pelo jornal "Última Hora".

"Agora, com a chegada da equipe imortal, as lágrimas rolam. Convenhamos que a seleção as merece.
Merece por tudo: não só pelo futebol, que foi o mais belo que os olhos mortais já contemplaram, como também pelo seu maravilhoso índice disciplinar. Até este Campeonato, o brasileiro julgava-se um cafajeste nato e hereditário. Olhava o inglês e tinha-lhe inveja. Achava o inglês o sujeito mais fino, mais sóbrio, de uma polidez e de uma cerimônia inenarráveis. E, súbito, há o Mundial. Todo mundo baixou o sarrafo no Brasil. Suecos, britânicos, alemães, franceses, checos, russos, davam botinadas em penca. Só o brasileiro se mantinha ferozmente dentro dos limites rígidos da esportividade. Então, se verificou o seguinte: o inglês, tal como o concebíamos, não existe. O único inglês que apareceu no Mundial foi o brasileiro. Por tantos motivos, vamos perder a vergonha (...), vamos sentar no meio-fio e chorar. Porque é uma alegria ser brasileiro, amigos".

Além de destacar a beleza do futebol brasileiro, Nelson Rodrigues quis dizer que o comportamento dos jogadores dentro do campo
a) foi prejudicial para a equipe e quase pôs a perder a conquista da copa do mundo.
b) mostrou que os brasileiros tinham as mesmas qualidades que admiravam nos europeus, principalmente nos ingleses.
c) ressaltou o sentimento de inferioridade dos jogadores brasileiros em relação aos europeus, o que os impediu de revidar as agressões sofridas.
d) mostrou que o choro poderia aliviar o sentimento de que os europeus eram superiores aos brasileiros.
e) mostrou que os brasileiros eram iguais aos europeus, podendo comportar-se como eles, que não respeitavam os limites da esportividade.



resposta:[B]


pergunta:A crônica muitas vezes constitui um espaço para reflexão sobre aspectos da sociedade em que vivemos.

"Eu, na rua, com pressa, e o menino segurou no meu braço, falou qualquer coisa que não entendi. Fui logo dizendo que não tinha, certa de que ele estava pedindo dinheiro. Não estava. Queria saber a hora.
Talvez não fosse um Menino De Família, mas também não era um Menino De Rua. É assim que a gente divide. Menino De Família é aquele bem-vestido com tênis da moda e camiseta de marca, que usa relógio e a mãe dá outro se o dele for roubado por um Menino De Rua. Menino De Rua é aquele que quando a gente passa perto segura a bolsa com força porque pensa que ele é pivete, trombadinha, ladrão. (...) Na verdade não existem meninos De rua. Existem meninos NA rua. E toda vez que um menino está NA rua é porque alguém o botou lá. Os meninos não vão sozinhos aos lugares. Assim como são postos no mundo, durante muitos anos também são postos onde quer que estejam. Resta ver quem os põe na rua. E por quê."
(COLASSANTI, Marina. In: "Eu sei, mas não devia". Rio de Janeiro: Rocco, 1999.)

No terceiro parágrafo em "... não existem meninos De rua. Existem meninos NA rua.", a troca de De pelo Na determina que a relação de sentido entre "menino" e "rua" seja
a) de localização e não de qualidade.
b) de origem e não de posse.
c) de origem e não de localização.
d) de qualidade e não de origem.
e) de posse e não de localização.



resposta:[A]


pergunta:
De acordo com a história em quadrinhos protagonizada por Hagar e seu filho Hamlet, pode-se afirmar que a postura de Hagar
a) valoriza a existência da diversidade social e de culturas, e as várias representações e explicações desse universo.
b) desvaloriza a existência da diversidade social e as várias culturas, e determina uma única explicação para esse universo.
c) valoriza a possibilidade de explicar as sociedades e as culturas a partir de várias visões de mundo.
d) valoriza a pluralidade cultural e social ao aproximar a visão de mundo de navegantes e não-navegantes.
e) desvaloriza a pluralidade cultural e social, ao considerar o mundo habitado apenas pelos navegantes.


resposta:[B]



pergunta:Só falta o Senado aprovar o projeto de lei [sobre uso de termos estrangeiros no Brasil] para que palavras como "shopping center", "delivery" e "drive-through" sejam proibidas em nomes de estabelecimentos e marcas. Engajado nessa valorosa luta contra o inimigo ianque, que quer fazer área de livre comércio com nosso inculto e belo idioma, venho sugerir algumas outras medidas que serão de extrema importância para a preservação da soberania nacional, a saber:

......
- Nenhum cidadão carioca ou gaúcho poderá dizer "Tu vai" em espaços públicos do território nacional;
- Nenhum cidadão paulista poderá dizer "Eu lhe amo" e retirar ou acrescentar o plural em sentenças como "Me vê um chopps e dois pastel";

......
- Nenhum dono de borracharia poderá escrever cartaz com a palavra "borraxaria" e nenhum dono de banca de jornal anunciará "Vende-se cigarros";

......
- Nenhum livro de gramática obrigará os alunos a utilizar colocações pronominais como "casar-me-ei" ou "ver-se-ão".
(PIZA, Daniel. Uma proposta imodesta. "O Estado de S. Paulo", São Paulo, 8/04/2001.)

No texto acima, o autor
a) mostra-se favorável ao teor da proposta por entender que a língua portuguesa deve ser protegida contra deturpações de uso.
b) ironiza o projeto de lei ao sugerir medidas que inibam determinados usos regionais e socioculturais da língua.
c) denuncia o desconhecimento de regras elementares de concordância verbal e nominal pelo falante brasileiro.
d) revela-se preconceituoso em relação a certos registros lingüísticos ao propor medidas que os controlem.
e) defende o ensino rigoroso da gramática para que todos aprendam a empregar corretamente os pronomes.



resposta:[B]



pergunta:Considere as afirmações que seguem sobre a estruturação do texto.

I. Nos três primeiros parágrafos, os exemplos retirados da ficção sustentam o principal objetivo do texto - defender a idéia de que "a justiça tarda mas não falha".
II. No quarto e quinto parágrafos, a estratégia narrativa utilizada anteriormente cede lugar à estratégia dissertativo-argumentativa própria da discussão de pontos de vista.
III. No sexto parágrafo, os exemplos não estão diretamente ligados à atividade justiceira e ao título do texto, mas à convivência indesejável entre as instituições e o crime organizado.

Está(ão) correta(s)
a) apenas I.
b) apenas I e II,
c) apenas lII.
d) apenas II e III.
e) I, II e III.



resposta:[D]



pergunta:Considerando que
justiceiro é aquele que quer rigor na aplicação da lei e juiz é aquele que julga, percebe-se que (par. 3) a escolha da primeira forma é intencional.
Analise o que se afirma sobre essa intenção.

I. A opção por "justiceiro" revela o objetivo de caracterizar negativamente a pessoa que pune o crime com as próprias mãos.
II. Em "justiceiro", destaca-se a idéia de promover a justiça dentro de parâmetros legais.
III. Ao se referir ao juiz como "justiceiro", o autor deixa clara ao leitor sua concordância com a tese de que, diante da falência da justiça, a própria sociedade deve encontrar meios de punir os criminosos.

Está(ão) correta(s)
a) apenas I.
b) apenas II.
c) apenas III.
d) apenas I e III.
e) apenas II e III.



resposta:[A]

 sobre criminalidade, o autor selecionou palavras comumente associadas a essa temática, como "crime" (ref. 1) e "Justiça" (ref. 2). Esse procedimento NÃO ocorreu na seleção de
a) "grupos de extermínio" (ref. 3) e "narcotráfico" (ref. 4)
b) "Juízes e policiais comuns" (ref. 5) e "crime organizado" (ref. 6)
c) "delegada de polícia" (ref. 7) e "bandidos" (ref. 8)
d) "tapa-buraco" (ref. 9) e "lixo" (ref. 10)
e) "justiças paralelas" (ref. 11) e "sistema penitenciário" (ref. 12)



resposta:[D]



pergunta:Identifique dentre as alternativas, um contra-argumento às práticas justiceiras.
a) O crime não pode ser combatido com os recursos institucionais.
b) A sofisticação da criminalidade exige um contra-ataque das instituições, mesmo que ilegal.
c) É injusto deixar de aplicar a pena a quem deliberadamente delinqüiu.
d) O fundamento da justiça penal é que o mal deve ser retribuído com o mal.
e) Embora a brutalidade de alguns crimes revolte a sociedade, cabe às instituições governamentais estabelecer e manter a justiça.



resposta:[E]


pergunta:Analise os seguintes fragmentos:

A) "[...] estreou MAIS UMA série [...]. Esta agora chama-se Angel [...]"
B) "Mas NÃO É A PRIMEIRA VEZ que a TV explora o tema. Teve uma, "Justiça Cega" [...]"
C) "Angel e seus vampiros permitem várias interpretações. Uma delas é simples [...]"

Assinale verdadeira (V) ou falsa (F) em cada uma das afirmações relacionadas a esses fragmentos.

( ) Os segmentos destacados funcionam como itens antecipadores de informações a serem fornecidas posteriormente.
( ) Em B, o segmento destacado é complementado somente por informações relacionadas ao tempo presente.
( ) Em C, o compromisso do autor de complementar suas idéias foi parcialmente atendido.

A seqüência correta é
a) V - F - F.
b) V - V - F.
c) V - F - V.
d) F - F - V.
e) F - V - F.



resposta:[C]


pergunta:Analise os períodos a seguir.

A - O juiz fazia justiça com as próprias mãos.
B - O juiz tinha sido obrigado a inocentar os bandidos.

Relacione as informações contidas em A e B, de modo que B se constitua numa CONCESSÃO a A.
a) O juiz, que tinha sido obrigado a inocentar os bandidos, fazia justiça com as próprias mãos.
b) Embora tenha sido obrigado a inocentar os bandidos, o juiz fazia justiça com as próprias mãos.
c) Porque tinha sido obrigado a inocentar os bandidos, o juiz fazia justiça com as próprias mãos.
d) Mesmo que fizesse justiça com as próprias mãos, o juiz tinha sido obrigado a inocentar os bandidos.
e) Sempre que fosse obrigado a inocentar os bandidos, o juiz fazia justiça com as próprias mãos.

resposta:[B]

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